Amigo Fiel
Amigo, sou um animal feliz e
venho contar a minha história. Nasci pequenininho, no início da evolução
animal, e cresci de acordo com o tempo, me tornando inteligente, companheiro,
amável e elegante.
Quando o Homem deixou de ser
nômade para fixar sua morada, deixei de ser selvagem para acompanhá-lo, e me
tornei o fiel amigo dos viajantes, ajudando a matar a sua sede, uma vez que com
o bater dos meus cascos no solo, descobri e fiz jorrar refrescantes fontes de
água. Usei ainda a minha força para a agricultura e migração, transportando
homens e mercadorias, de um lado para o outro, fazendo crescer os povos.
Com o florescer das grandes
civilizações, preparei-me para as adversidades. Desempenhei um papel
fundamental de força e fidelidade, indispensável nas disputas por poder e
glória, nas lutas engajadas por imponentes realezas. Vi-me rodeado por escudos
e lanças, espadas e vitórias. Materializei-me como um gigante cavalo de
madeira, invadindo e destruindo Tróia, como um “presente de grego”,
atravessando assim o limiar do tempo e do espaço.
Eternizado em lendas num mundo
de encantamento, povoei a mente de povos antigos. Entre os deuses, fui
escolhido o condutor divino das cortes celestiais, criando um misticismo
riquíssimo de significados, que influenciaram o comportamento humano e o
infinito de sua imaginação.
Sob a forma de um magnífico
presente de Alah, sou o símbolo da criação ao reunir em meu espírito as
qualidades de outros animais: olhos tão potentes quanto os da águia, o faro tão
sensível quanto o do lobo, a velocidade da pantera, a resistência do camelo, a
coragem do leão, a memória privilegiada do falcão, a elegância do caminhar da
corsa e a fidelidade indiscutível do cão. E no fogo cigano da purificação,
conduzi meu senhor aos campos celestes da libertação final.
Com quatro patas e uma força
incrível, fui o companheiro legítimo que puxou carroças, charretes, carruagens
e bondes, ajudando os caixeiros viajantes, facilitando o comércio, e colocando
o mundo em movimento e expansão.
Ao chegar na Europa, centro do
Velho Mundo, tornei-me a relíquia da nobreza. Em Portugal, conhecido como
Alter-Real, a estrela
que voa, fui a raça estimada pela Corte lusitana.
No então chamado Novo Mundo
aportei, sendo presenteado pelo rei português ao Barão de Alfenas, e do
cruzamento com as raças ibéricas, que aqui chegaram na época da colonização,
renasci como o sangue puro do Brasil, no sul de Minas Gerais. Terra que reunia
diversos núcleos produtores como ouro, pedras preciosas e café, que garantiam o
abastecimento da corte, então sediada no Rio de Janeiro. Quantas viagens eu fiz
por essas fazendas e pelos caminhos da Estrada Real entre Minas e Rio, onde
transitavam vários protagonistas da história construída sobre o meu dorso.
Surgi como a estrela dessa
terra… Eu sou o Mangalarga Marchador; um animal sem fronteiras, uma grande
paixão, de beleza forte, andar macio e comodidade que me fizeram brilhar. Sou
esplendoroso, ágil, leve, sadio, ativo e dócil, detenho qualidades
extraordinárias que lançam a minha raça, genuinamente brasileira, no cenário
mundial, espalhando-se pelos caminhos da vida.
Laíla, Fran Sérgio,
Ubiratan Silva, Vicctor, André Cezari e Bianca Behrends
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